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Ex-alunos ajudam a recuperar escola

Estudantes decidiram ajudar na manutenção da Jeremias Fróes, onde receberam formação

Paulo Rossi -

Quando a escola é um ambiente acolhedor, acaba se transformando em uma segunda casa e a vontade de retornar é inevitável. Movido por este sentimento, Abner Bastos, 19, costuma sempre visitar a Jeremias Fróes, escola municipal onde estudou dos 15 aos 18 anos. Em uma das passagens, deparou-se com uma cena que chamou sua atenção. A diretora Patrícia Silva, a professora Taiane Santos e a funcionária Soleni Gonçalves trocaram o giz e o quadro-negro por tinta e parede.

A pintura da escola é mais do que necessária, é fundamental. A própria Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed) reconheceu a demanda e prometeu enviar pintores e tintas para a realização do trabalho. Empolgados, os funcionários da escola se empenharam para esvaziar a biblioteca, primeira peça a ser requalificada. As semanas se passaram, o início do ano letivo se aproximava e nada era feito.

A explicação finalmente veio. Segundo Arthur Correa, secretário da Smed, a força de trabalho foi deslocada a locais que tinham demandas mais urgentes. “Consertamos primeiro os estragos que podem botar em risco a segurança pessoal”, justifica. Enquanto isso, a Jeremias Fróes seguia sem a pintura e, agora, com a biblioteca revirada. Para não iniciar o ano sem este espaço tão importante, Patrícia, Taiane e Soleni decidiram pintar a peça por conta própria. “A tinta nós ganhamos do marido de uma professora”, comenta a diretora.

Vendo todo o esforço das três, Abner decidiu que precisava ajudar. “Para retribuir tudo o que a escola já fez por mim”, explica. O trabalho é grande e só uma pessoa não daria conta. Resolveu, então, chamar o amigo Antônio Marcos Rocha, 20, também ex-aluno da escola. Juntos, já pintaram três salas de aula e os corredores. E afirmam que não irão parar por aí. “Vamos pintar tudo o que a diretora quiser”, garante Antônio.

Força de vontade não falta, mas as ferramentas necessárias ao trabalho andam escassas. A escola já gastou tudo o que podia com materiais e não tem condições financeiras de finalizar a tarefa. No momento, eles estão usando material doado, mas não será o suficiente para pintar as escadas e salas que ainda faltam. Por isso, a diretora pede auxílio da comunidade que pode colaborar doando tintas, pincéis, rolos, cimento cola e tinta esmalte.

Outro desejo de Patrícia Silva é retribuir o que os meninos vêm fazendo. “Eles poderiam estar trabalhando, mas estão aqui nos ajudando”, argumenta. Ela explica que tentou verba com a Smed para pagar pelo trabalho deles, mas precisaria de nota fiscal para isso. “Eles obviamente não fornecem”, pontua. Para contribuir com a escola você pode entrar em contato através do telefone 3225-0335 ou ir até lá. O endereço é rua João Manoel, 107 (esquina com a rua Félix da Cunha).

Além da educação formal
Um dos diferenciais da escola Jeremias Fróes é o acolhimento feito aos alunos. Quem atesta isso são os próprios estudantes e professores. “Nosso trabalho vai muito além da educação formal. Nós orientamos os alunos desde os anos iniciais”, garante a professora Taiane Santos. Para fortalecer a tarefa, os estudantes têm momentos de reflexão sobre temas como bullying, sexualidade, drogas e violência. “É um esforço que dura o ano todo”, afirma Taiane.

Abner é um dos alunos que reconhecem o carinho vindo dos funcionários. “Aqui eu aprendi principalmente a respeitar o próximo”, fala. Ele parou de estudar aos 18 anos, tentou a vida em outra cidade, mas acabou retornando a Pelotas e aos livros. Foi a diretora Patrícia que o encaminhou a uma vaga na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Antônio Marcos cursa o Ensino Médio na rede estadual. “A escola nós já conseguimos. Agora, falta dar um emprego para os meninos”, projeta.

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